Um livro “raro e curioso”, segundo o conceito clássico da bibliografia, refere-se a um livro impresso que se valoriza pela sua escassez ou por ser o único de uma edição. Também pode ser considerado assim devido à sua manufatura, pela antiguidade de sua impressão por seu interesse histórico e temático. É “raro” pela especificidade da sua produção, que tradicionalmente antecede o ano de 1810. Porém, a partir do século XIX e com o desenvolvimento da indústria e do colecionismo, o termo expandiu-se para outros significados (comerciais e culturais) que também podem ser aplicados a edições modernas.
Este volume mantém o rigor de uma publicação acadêmica, ao mesmo tempo que oferece ao leitor a oportunidade de entrar no mundo do raro através de uma edição única e de autores heterodoxos. Foi concebido através de uma lógica espacial que transcende as barreiras das convenções de leitura: o livro começa no seu centro, na página 00, onde o índice também é apresentado como plano de sala. A partir desse vestíbulo, o leitor-visitante pode escolher os espaços onde se dirigir, deparando-se em seu ritmo vertiginoso com reproduções de alguns exemplares raros do BNM, achados de hemerográficos do século XIX sobre espiritismo e, em outro trecho do percurso, com artigos e ensaios de grande erudição, nos quais se ilumina o papel que o “raro” e o “outro” tiveram nas nossas tradições literárias, editoriais e bibliográficas nos dois séculos que nos precederam.