Enquanto a mitologia e as história gregas destacam a figura, a presença e o papel da mulher e fazem dela um ser poderoso, cheio de possibilidades e projetos, a democracia grega – o modelo ideal de organização social para o mundo ocidental – considera-a um animal doméstico e, a coloca contra o homem como animal político, relega a sua participação para um segundo plano no processo de construção e defesa do Estado.
Dois milênios depois, a situação permanece, essencialmente, a mesma. E não apenas no mundo ocidental. Não importa para onde dirijamos o nosso olhar, em todo o mundo as mulheres continuam a ser consideradas seres incompetentes, incapazes, impossibilitadas por natureza para exercer o poder, para governar, para tomar em suas mãos não só o seu próprio destino, mas, sobretudo, o da sociedade a que, aqui e ali, pertence e para cuja construção dá uma valiosa contribuição.
Partindo precisamente do mundo antigo, percorrendo o Cristianismo, a Idade Média, o Iluminismo e a Idade Moderna, e chegando à democracia dos nossos dias, Giulia Sissa nos entrega O Poder das Mulheres. Um desafio para a democracia, um livro excelentemente documentado, brilhante, de surpreendente contemporaneidade, que é, ao mesmo tempo, uma excelente forma de dar início a uma nova coleção da Editora da Universidade Veracruzana: Feminismos.