Nem sempre somos inimigos do ruído, postula este livro em que – no quadro da cultura burguesa do século XIX – se cruzam a música, o progresso tecnológico, a literatura e a vida quotidiana. Apesar das reclamações dos trabalhadores do espírito contra a invasão do ruído no mundo moderno, percebe-se que boa parte da cultura do século burguês já negocia com ele para trilhar o seu caminho de forma cada vez mais aberta e consciente até desembocar nas poéticas do ruído do século seguinte. Inúmeros textos de autores como Kant, Kleist, Baudelaire, Flaubert, Schopenhauer, Grillparzer, Proust, Rilke e Russolo, entre outros, dão conta da relação tensa e ambivalente que mantemos com aquilo que somos obrigados a ouvir: muitas vezes, apesar das nossas resistências, estamos do lado do ruído.