Nas últimas duas décadas, a mídia e a tecnologia estiveram no centro dos conflitos políticos e culturais na América Latina. Grandes batalhas sobre o poder da mídia entre o governo e as corporações dos meios de comunicação (Artz 2017; Follari 2014) geraram amplo debate público, bem como reformas da mídia na região (Martens, Vivares e McChesney 2014; Waisbord 2010). Organizações de mídia comunitária na América Latina e além de suas fronteiras têm estado na vanguarda, desafiando configurações de poder e legislação relacionadas à mídia e tecnologia.
A América Latina tem uma longa história de organização e ativismo de mídia comunitária; de fato, as bases da rádio comunitária datam do início do século XX na Colômbia e na Bolívia (Rodríguez 2001; Santiago García Gago, neste volume). Os meios de comunicação comunitários também desempenharam um papel fundamental como fontes alternativas para a preservação da língua e das tradições (Beltrán 1983). Nas décadas de 1970 e 1980, acadêmicos e ativistas latino-americanos concentraram seus estudos na análise do poder e da hegemonia da mídia (Beltrán e de Cardona 1980; Dorfman e Mattelart 1972), enquanto em outras partes do mundo se concentraram no estudo dos efeitos da mídia.