As duas primeiras décadas do século XXI foram caracterizadas por um boom da História do Livro dentro da chamada História Cultural. Em seus últimos desenvolvimentos, esse gênero da historiografia, tradicionalmente centrado nas gráficas e bibliotecas, voltou sua atenção para a atividade comercial que garantiu a chegada dos volumes às mãos dos leitores. Desta forma, aborda-se a existência das dinastias livreiras, bem como os percursos, práticas, acordos e audácias comerciais que estão por atrás da chegada de determinados volumes e edições às prateleiras que, por vezes, ainda os albergam. Com a colaboração de dez autores provenientes de diferentes tradições acadêmicas, que desenvolveram pesquisas em arquivos espanhóis, mexicanos e peruanos, o presente texto dirige seu olhar aos bastidores das livrarias como negócio, para destacar o papel determinante que tiveram na circulação de títulos. Sua abordagem abrange em um único olhar os dois mais importantes vice-reinados da América (Nova Espanha e Peru), entre os séculos XVI e XVIII. Nessas terras e naquela época, estava acontecendo uma aventura interessante: a abertura de um mercado para o objeto-livro e a construção de uma comunidade de leitores que se unia ao mundo do outro lado do Atlântico por meio da letra impressa.