O culto à água em suas diversas manifestações tem sido uma das características mais marcantes da religião e dos rituais indígenas desde os tempos pré-hispânicos até os dias atuais. Dadas as características contrastantes do clima que podem variar entre estações de seca e excesso de chuvas, este culto meteorológico está intimamente relacionado com a geografia e os variados ambientes naturais da região mesoamericana e, da mesma forma, está ligado às atividades agrícolas do cultivo de milho. Assim, os pedidos de chuva e os ritos para controlar os fenômenos climatológicos ocupam um lugar central no ritualismo da Mesoamérica.
A abordagem interdisciplinar do presente trabalho, cujo tema central é o culto à água, combina a história das culturas indígenas da Mesoamérica com a etnografia, a antropologia, a arqueologia, a zoologia e a geografia cultural, de modo a abranger, numa visão holística, o papel dos animais dentro da cosmovisão de mundo da referida região. A maioria dos artigos que compõem “Os animais da água na cosmovisão indígena” é resultado de pesquisas etnográficas; alguns autores geraram informações empíricas de primeira mão e outros interpretaram evidências materiais, ou seja, objetos que pertencem ao culto da água.